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RIDÍCULO E VULGAR, BOLSONARO DESRESPEITA TUDO E TODAS AS MULHERES

Por Edneide Arruda


Hoje, ao sair do Palácio da Alvorada, em Brasília, Bolsonaro falou com jornalistas e, mais uma vez, protagonizou um ataque às mulheres brasileiras.



Ao falar sobre as declarações do ex-funcionário da Yacows, Hans River Nascimento, à CPMI das Fack News, acerca de disparos em massa de mensagens, pelo WhastApp, Bolsonaro afirmou, causando risos em apoiadores: "Ela queria dar um furo (risos)...Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim (risos)".


O presidente da República se referia à repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, que, em um belo furo jornalístico, noticiou que uma empresa espanhola foi contratada por empresários brasileiros para disparar mensagens em massa, pelo WhatsApp, a favor da candidatura dele à Presidência da República, nas eleições de 2018. 

Os insultos sexuais que Bolsonaro dirigiu à jornalista, visam desviar a atenção da opinião pública sobre dois fatos midiáticos de grande relevância, neste momento. Um deles é o fato de que Hans River terá de voltar a falar na CMPI das Fack News, com grande possibilidade de ser preso, por ter mentido para os parlamentares, em audiência anterior. Outro, é o perigo iminente para sua família, a investigação sobre a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, ocorrida em confronto com a PM da Bahia, há cerca de 10 dias. Adriano era líder do chamado "Escritório do Crime", que tem laços com o clã Bolsonaro.

No início deste mês, ao prestar esclarecimentos à CMPI das Fack NewsHans River agrediu à jornalista, ao afirmar: "Quando eu cheguei na Folha de S. Paulo, quando ela (repórter) escutou a negativa, o distrato que eu dei e deixei claro que não fazia parte do meu interesse, a pessoa querer um determinado tipo de matéria a troco de sexo, que não era a minha intenção, que a minha intenção era ser ouvido a respeito do meu livro, entendeu?
Em seguida, o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, repetiu a violência contra a jornalista, dizendo não duvidar que ela tivesse se insinuado sexualmente para Hans, em troca de informações que pudessem prejudicar seu pai, Bolsonaro.
As declarações de cunho sexual de Bolsonaro contra a jornalista se traduz em violência sexual e de gênero, e atinge, não apenas Patrícia Campos Melo, mas, todas as mulheres brasileiras. Tanto o presidente como seu filho e o ex-funcionário da Yacows têm plena consciência do peso desta violência simbólica.

Porém, no caso do presidente da República, a coisa se complica. Sem a menor decência, o que é esperado de uma autoridade pública, Bolsonaro desrespeitou o cargo que ocupa; no caso, a Presidência da República. Ele demonstrou desconhecimento sobre seu papel de Chefe de Estado no comando do principal poder do país. 

Não é a primeira vez que, desprovido do mais elementar respeito a este posto, Bolsonaro vulgariza a si a aos outros, em geral, as minorias, vociferando impropriedades, que só são vistas em espetáculos de humor questionável e em revistas, filmes e vídeos pornôs.

Só que, agora, ao ofender e difamar sexualmente uma pessoa, o presidente do Brasil praticou, ao mesmo tempo, uma ofensa à dignidade humana e falta de decoro, o que, no último caso, se enquadra em crime de responsabilidade. 

Diante de tal  absurdo, o Congresso Nacional já tem a sua disposição um fato gerador para a abertura de um processo de impedimento do presidente da República, à luz do que determina a lei.  

Até aqui, desmoralizado o Brasil já está, dentro e fora do país. Agora, se Bolsonaro e seu clã não forem contidos a tempo, poderemos dormir em um regime civil e acordar em uma ditadura militar. Portanto, já está bastante claro que o circo de horrores protagonizado por Bolsonaro e seus familiares precisa parar, e já. Caso contrário, iremos ao purgatório.

O que é furo jornalístico

Furo jornalístico ou furo de reportagem, no jargão da profissão, significa a apuração de uma notícia nova e sua publicação na frente dos demais meios de comunicação. Dar um furo de reportagem é o sonho de todo profissional que ama o que faz. Não somente pelo destaque que conquista. Mas, sobretudo, pelo fato de a repercussão de seu trabalho ter a força de mover a sociedade por mudanças. Com o advento das redes sociais, as mídias tradicionais perderam a hegemonia sobre o furo de reportagem ou furo jornalístico. Os fatos inéditos passaram a aparecer primeiramente, em redes sociais - twitter, facebook e instagram -, não sendo, precisamente, mérito de um profissional da área, mas de uma pessoa que produz conteúdo.

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