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Pesquisa mostra novas relações sociais e de gênero

Por Edneide Arruda

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo IBGE, nesta sexta-feira, um dia antes do Dia Internacional da Mulher, revela dados diversos e muito importantes sobre a condição da mulher na atual sociedade brasileira.

Mostra, por exemplo, que mulheres com nível superior ganham, em média, 60% do total percebido pelos homens – possuidores do mesmo grau de escolaridade. De acordo com a Pnad, o rendimento médio entre as mulheres com nível superior chegou a R$ 2.291,80 em janeiro; o que equivale a 60% do valor recebido pelos homens: R$ 3.841,40.

Também segundo a Pnad, a união entre mulheres mais velhas com homens mais novos cresceu 36% em dez anos (1996-2006), perfazendo um índice superior à união em que homens são mais velhos e mulheres mais novas - que aumentou 25,3% no mesmo período. Confira aqui. http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u379422.shtml).

Conforma o IBGE, a união entre mulheres mais velhas e homens mais jovens passou de 5,6 milhões em 1996 para 7,6 milhões em 2006. Já a união em que os homens têm idade superior chegaram a 27,9 milhões em 2006, ante 22,3 milhões em 1996.

Este novo fenômeno revela uma mudança muito importante no comportamento social e cultural do país, e não foi por menos que ele chamou a atenção de editores de jornais televisivos. Porém, quase sem análise, a notícia foi tratada, em pelo menos dois jornais televisivos, como uma hard news, ou seja, uma notícia leve, um entretenimento.

Esse tipo de notícia é considerado de “pouco interesse humano”. Enfim, uma notícia que trata de vidas privadas – mulheres, mais velhas, casadas com homens mais jovens. No jornal do SBT, por exemplo, até a apresentação do âncora e a passagem da repórter tiveram um tom ameno: eles falaram de forma divertida sobre essa nova realidade, que estabelece novas relações sociais e de gênero.

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