Por Edneide Arruda
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, comemorado no Brasil a partir de 1975, resolvi sair por aí, observando o ambiente social. As cenas que vi, me fizeram sentir como se estivesse no tempo do matriarcado, descrito pela feminista Rose Marie Muraro, como sendo o período da história humana, no qual as mulheres tinham um grande poder de decisão e realização.
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, comemorado no Brasil a partir de 1975, resolvi sair por aí, observando o ambiente social. As cenas que vi, me fizeram sentir como se estivesse no tempo do matriarcado, descrito pela feminista Rose Marie Muraro, como sendo o período da história humana, no qual as mulheres tinham um grande poder de decisão e realização.
Neste dia "em que a terra parou", as mulheres foram as estrelas, e até parecia que havia muita diferença entre elas e os homens. Sim, diferenças ao contrário do que vemos cotidianamente. Neste dia, a elas, tudo. Já a eles, coitados! Nada.
No prédio onde moro, o porteiro distribuiu flores às moradoras, lembrando a passagem do Dia Internacional da Mulher, mesmo que pouco ou nada soubesse dizer a respeito desta data. Ou seja, que os movimentos feministas e de mulheres de todo o mundo relembram neste dia, as 129 mulheres que foram barbaramente assassinadas, em 1857 (polêmica à parte, sobre essa data), dentro numa fábrica de tecidos, em Nova York, quando se rebelavam contra os baixos salários, diante de uma jornada de trabalho superior a 14 horas.
No supermercado onde fui, um cantor não reconhecido entoava músicas românticas, enquanto flores vermelhas, símbolo da paixão, eram ofertadas às consumidoras. E, nos caixas, funcionários de ambos os sexos, repetiam como um mantra, a mesma frase: "parabéns, pelo dia internacional da mulher". Na panificadora ao lado, o melhor pão esteve à disposição das compradoras.
Nos shopings centers da cidade, vendedores (dos dois sexos) pareciam saber que pesquisas recentes revelaram que as mulheres brasileiras consomem mais que os homens. Até porque, conforme o IBGE, já recebem 60% do valor do salário que eles recebem.
Nos restuarantes (dos mais simples aos mais sofisticados), as mulheres foram consultadas a respeito do menu do dia e sobre o vinho de sua preferência. Ah!, também foram servidas antes de seus acompanhantes, e, embora já tenham o poder de dividir a despesa, não ajudaram a pagar a conta.
No trânsito, onde invariavelmente as mulheres são xingadas, apenas um homem ou outro continuou ignorante. A maioria reverenciou as mulheres, deixou que elas passassem à frente e contribuiu para que menos mulheres tivessem, no dia a elas dedicado, o desconforto de ouvir a ridícula frase: "mulher ao volante, perigo constante!".
Foi no Parque da Cidade, transformado por um dia em "Parque da Mulher", que vi cenas inesperadas. Serviços de manicure e pedicure, limpeza de pele, massagens, drenagens, personal treiner, oficinas de bordado e crochê, curinhos rápidos de culinária, consultas para atendimentos de saúde a problemas de baixa complexidade, etc. Tudo para as centenas de mulheres que foram ao parque, em ônibus e metrô, com passagens gratuitas.
Por algum momento, pensei estar vivendo um tempo de cidadania plena, particularmente, feminina. E, tentando avaliar tudo o que vi, imaginei que estivesse a testemunhar uma mudança de comportamento, de mentalidade, de processo, e não apenas um lance estratégico e mercantil.
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